É comum identificar-se o início do «Português Moderno» ou «Português Clássico» com meados do século XVI, mais frequentemente com 1536, data da publicação da Gramática de Fernão de Oliveira, já que « parece confortavelmente seguro promover a primeira gramática portuguesa a primeiro testemunho da língua na sua fase clássica» (Castro, 1991:243).
Com efeito, é neste período que a língua portuguesa começa a adquirir a sua feição actual. Se bem que haja já superação de alguns aspectos mais arcaizantes1 a verdade é que – relativamente ao género – se está ainda um pouco num período de transição. É frequente, aliás, encontrarmos neste século, tal como em Português antigo, algumas hesitações de género («cortandolhe as pernas lançouas a huma lebre [...] porque ho lebre[...]», J. Ferreira de Vasconcelos cap.18, 104), adjectivos hoje uniformes como biformes, por exemplo, «ruda forca» (Camões, Os Lusiadas, II, 65), etc.
De qualquer modo, a partir deste período começa a haver uma maior proximidade, em relação ao Português actual, no que se refere também ao género, embora a fixação definitiva seja, em muitos casos, posterior a esse século.

Fonte: In: Estudos em homenagem ao Professor Doutor Mário Vilela; 527 - 544; Porto: FLUP.
(Acesso em 24/12/2010)

* A categoria gramatical de género do português antigo ao português actual. - Maria Carmen de Frias e Gouveia (Universidade de Coimbra / C.E.L.G.A.)

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